terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Era uma vez, na Fazenda Futebol...

Por Andrew Jennings

Publicado originalmente no suplemento “Aliás” do Estado de S.Paulo, 24/12/2011; tradução de Celso Paciornik; intertítulos do OI. Reproduzido da edição 674 do Observatório da Imprensa - 27/12/2011

Eu vivo em uma fazenda no norte da Inglaterra. Quando os animais fogem de controle, tomamos medidas drásticas. Um dos grandes touros é o João. Descobrimos que ele esteve roubando comida do estádio de futebol local. João pertencia à Fazenda Olímpica. Fui visitar os donos na Suíça. “Vamos cortar a cauda do João”, eles prometeram. Mas João ouviu a faca sendo afiada, pulou a cerca e sumiu nas colinas. O pessoal da Olímpica não quis persegui-lo, dizendo que não era mais responsável. Certas noites ouvimos esse grande animal se lamuriando para a Lua porque, embora não lhe tenham cortado a cauda, removemos seus testículos antes de ele fugir.

Temos problemas parecidos com um dos parentes de João, Ricardo Velhaco. Ele vive na Fazenda Futebol e também esteve roubando comida. Pegamos a faca para cortar seus testículos e ele fugiu há um mês. Esperamos que nunca volte. Apelamos à proprietária da terra de origem dele, sra. Dilma, para ela acabar com o Velhaco, mas ela espera que a Fazenda Futebol resolva seu problema, pondo o Velhaco no moedor de carne e enlatando-o como comida de cachorro.

Precisamos fazer alguma coisa a respeito do touro mais triste da Fazenda Futebol, aquele que negou que havia racismo na fazenda. Mas está difícil encontrar o fugitivo Joseph “Seppy” Blatter. Neste último ano, ele evitou a faca escondendo-se em fazendas do Zimbábue, Mianmar e Azerbaijão. Agora, recolheu-se ao seu estábulo de Zurique gritando “Não estou aqui, vão embora”. Em janeiro, percebi que Seppy não tem nenhum futuro no futebol. Uma votação de futebol livre e limpa foi anunciada no Catar (parem de rir na última fileira) para indicar um novo delegado do futebol asiático ao comitê executivo da Fifa.

Juiz renuncia ao comitê de ética

O ansioso aspirante era um principezinho da Jordânia. Ele precisava do emprego no futebol porque não havia vagas na Família Olímpica. Sua irmã e seu irmão mais velho são membros do Clube de Lausanne e outros três príncipes e xeques do Golfo já estão empregados. A Fifa era sua última chance de viagens de primeira classe grátis. Seppy ficou feliz porque pequenos príncipes desempregados não causam problemas e saem bem em fotografias. Melhor ainda: respaldado por dinheiro graúdo local, ele poderia livrar Seppy do atual ocupante, seu rival mais franco, o chefão milionário da dinastia Hyundai coreana.

vivem em um país onde 50% da população é proibida de praticar o jogo. Um importante acadêmico religioso explica a razão: o futebol pode “danificar o hímen de uma garota”. Como é que ele sabe? Da próxima vez que Seppy disser “o futuro do futebol é feminino”, pense nas donzelas de Riad.

O outro grande apoio veio do Kuwait, mais um país que nada em petróleo. O presidente de sua federação de futebol, o xeque Ahmad Ali Fahad al-Sabah, pareceu sinistro ao anunciar: “Posso confirmar que as 25 pessoas que votaram hoje no príncipe Ali votarão no presidente Blatter no Congresso da Fifa.” Como ele pode ter tanta certeza? A boa nova para Seppy foi ofuscada quando o juiz alemão Guenter Hirsch renunciou ao comitê de ética da Fifa dizendo: “Os responsáveis pela Fifa não têm nenhum interesse real em desempenhar papel ativo na solução e prevenção da violação do código de ética da Fifa.” Seppy, nervoso, atacou violentamente o... Clube Olímpico.

Para ler a história na íntegra clique aqui

Um comentário:

Silvan Menezes disse...

Muito bom Lyana e o texto me deixou na expectativa de saber como seria se Jennings soubesse do Bufalo Sanches que temos por aqui, que tá começando a dar umas relinxadas mais altas na Fazenda do Futebol Brasileiro.
Abração e um otimo 2012.