domingo, 25 de abril de 2010

Breves notas olímpicas

Numa semana em que o movimento olímpico internacional perdeu Juan Antonio Samaranch, o segundo dirigente mais importante da sua história, superado apenas pelo criador dos Jogos Olimpicos da Era Moderna (Pierre de Fredy, Barão de Coubertin), a realização dos Jogos Rio/2016 foi noticia também na Câmara dos Deputados.
Aos fatos (brevemente): o catalão Samaranch fo presidente do COI por 21 anos, de 1980 a 2001, isto é, tomou posse no exato momento em que o mundo ocidental capitalista, liderado pelos EUA, boicotava os Jogos de Moscou, por alegadas razões ideológicas, abalando não apenas a credibilidade dos jogos mas a já combalida economia da União Soviética - que apostara muito no turismo e investiu naqueles jogos o que não tinha em verbas, sofrendo um revés importante que contribuiu para a sua extinção como nação (que um dia será melhor estudado), em 1991, dois anos depois da queda do muro de Berlim.
Pois Samaranch soube muito bem surfar nesta onda e mudou o perfil dos Jogos Olímpicos, tornando-o uma fonte de receitas provenientes das verbas publicitárias e da venda dos direitos de televisionamento. O COI virou uma grande agência de negócios, que incluiram inclusive a venda de votos na escolha das cidades-sede, o que manchou sua biografia e terminou contribuindo para a sua renuncia em 2001. Para o bem e para o mal, não podemos mais pensar os Jogos Olímpicos sem a figura dele, que fez da edição de 1992, na sua terra catalã (Barcelona), a mais bem sucedida realização dos Jogos, em todos os sentidos, sobretudo para recolocar a cidade na rota turistica da Europa e do mundo.
Pois nesta semana também houve uma reunião aberta da Comissão de Educação, Cultura e Esporte da Camara dos Deputados, visando iniciar discussão de uma proposta do COI e do COB, que ampliava a "proteção" (o controle) à algumas palavras e expressões que poderiam ser relacionadas aos Jogos. Aparentemente, este round foi vencido pela sociedade, já que houve repúdio dos deputados a esta tentiva desmedida de imposição daquelas entidades à sociedade civil. Mas precisamos estar atentos porque eles devem voltar à carga, tentando impedir o uso de palavras como (pasmem!): 2016, vinte-dezesseis, Rio/2016 e outras...
Há uma matéria muito boa sobre isso no blog Esporte em Rede (http://www.esportemrede.blogspot.com/). Sugiro uma visita lá.
Vamos "observando"...

3 comentários:

Giovani Pires disse...

Um pequeno reparo: a apreciação da proposta de mudança do Ato Olímpico aconteceu esta semana no Senado Federal (pode ir agora para a Câmara, apesar da derrota).
Tem uma matéria muito boa sobre isso no caderno de esporte da FSP do dia 21/4, em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk2104201016.htm

Fernando G. Bitencourt disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fernando G. Bitencourt disse...

Gio e pessoal,
parece que a morte de um dos mais importantes "senhores dos anéis", inclusive e principalmente por sua ligação com o ditador Franco, não aplaca os desejos totalitáros e despóticos daqueles que lidam com o esporte. Se pensarmos que dirigentes esportivos tendem a ter as mais longas carreiras como mandatários (comparadas apenas aos ditadores, golpistas, etc... - de uma ideologia ou de outra), não é de se estranhar as práticas de nossos "ilustres representantes" nas altas esferas do esporte.
Samaranch fez história e, o que é pior, escola.
Abçs, F.